Não acredito que exista amor mais puro e inocente do que o amor de infância. Aquele amor em que o melhor amigo é o fiel escudeiro, parceiro de aventuras e de traquinagens também. Quando se é criança, ou se ama, ou se odeia. Não existe meio termo.
A criança não esconde sentimentos, não finge uma coisa que não é e, quase sempre, é transparente naquilo que pensa. Não existe falsidade, não existe enganação, não existe porém. Tudo é genuíno - e extremo.
Crianças formam grupos com aqueles que se identificam mais e dão carinho a adultos que amam. Crianças seguram na mão dos amigos, ajudam a levantar e riem de piadas bobas. Em tempo, riem também quando o outro fala "cocô" e "xixi".
A maldade mora em um lugar longe, muito longe, que eles somente chegarão a conhecer, assim esperamos, em um futuro distante.
Na infância não existe amor romântico. Existe o amor de melhor amigo, de mãe, de pai, de avós… Existe o amor àqueles que provêm os cuidados principais e aos amigos com os quais mais se identificam.
É o amor do bebê que quer o colo da mãe, da criança que quer a proteção do pai e do pré-adolescente que busca ferramentas para entender o mundo. É o amor que convida para dormir em casa para depois pedir para os pais, que quer andar de mãos dadas para brincar, que precisa ir à escola ver os amigos e que se cansa nos aniversários de tanto correr.
A infância é querer ser aceito e participar. O amor infantil é sobre dividir brinquedos, sobre levar um lanche para o amigo, falar sem parar do que determinada amiga fez durante o dia na hora do jantar e o se preocupar.
No amor de infância, o olhar diz tudo: seja para sorrir ou para chorar. Os amigos são, junto com eles, o centro do universo. Eles cantam, dançam e brincam. Tudo em nome da infância.