Eu tenho uma particularidade muito minha, que tenho desde pequena: não sei escrever de caneta azul. Sabe no vestibular quando eles falam para levar uma caneta azul ou preta? As minhas eram sempre pretas. Nunca gostei de escrever de azul, afinal, azul é uma cor e ela serve para decorar, não para escrever.
Por exemplo, por que devemos escrever de azul mas não podemos escrever de verde? Qual o problema com o verde? Ou o roxo? Se é para escrever com cores, que sejam todas permitidas. Isso não faz sentido nenhum. O vermelho até que faz sentido ser dessa forma por sua simbologia (não vou entrar aqui no mérito da questão se não vira outro livro), mas mesmo assim é uma cor.
Vou ser honesta, em cima de minha mesa deve ter, pelo menos, umas setenta canetas divididas em seis porta-canetas diferentes. Três são dedicados a marca-textos de cores variadas (sim, também não sei para quê tantos), um para canetas coloridas, um para canetas de ponta fina e um somente para as minhas canetas pretas. Essa é a importância delas para mim.
Tem caneta estilo gel, tem caneta tinteiro, tem caneta esferográfica. Tem de tampa e tem de apertar. Tem canetinha e caneta de ponta fina. Caneta de escrever e canetinha permanente. Tenho todos os tipos de canetas pretas que vocês podem imaginar. E a lógica, vou explicar para vocês, é muito simples: preto é uma cor neutra que combina com qualquer outra cor e que fará com que se você precise dar destaque a algo, essa cor será ressaltada e não virará um circo.
Por exemplo, se estou escrevendo no meu caderninho que sempre me acompanha, uma lista de textos que quero escrever, o faço em preto. As observações ao lado faço de outra cor, mais especificamente uma cor para cada observação, pois assim não me perco. Com o preto, fica bonito, fica descolado, parece ter uma ordem. Se escrevo em azul, parece tudo um borrão de cores em que nada combina com nada (vamos combinar: azul não combina com tudo) e fica horroroso. Durante o meu processo de escrita é extremamente importante que a estética esteja bonita—ou seja, que as coisas estejam combinando.
Gente, sério, não é uma angústia sem base, é uma angústia REAL. Todas as vezes que eu compro canetas, eu dou as azuis para o Rodrigo, que agora já deve ter a mesma quantidade que eu de canetas pretas, pois a bendita sempre está lá. Tenho um ranço de caneta azul que vocês nem imaginam. Caneta azul pra mim é uma coisa muito feia. É algo que esteticamente não combina com as outras coisas.
Antes que vocês me perguntem, não, não tive (até onde eu sei) nenhum trauma com a caneta azul. É simples desgosto, mesmo. Acho que se eu parar para pensar bem, azul é uma cor que eu nem uso muito na minha vida. Minhas roupas são pretas, brancas ou coloridas, sem ter o azul. Calças sociais? Pretas ou bege. Certa vez comprei um vestido azul, crente que eu ia usar muito com essa tal sandália. Bem, não usei. Pior que é bem aquele tom de azul-royal-de caneta que eu detesto. Não acho que exista coisa mais feia que essa cor. Até marrom é mais bonito. Por que eu ia querer escrever com essa cor e “sujar” o meu papel?
Acho que as únicas coisas azuis que eu realmente gosto são meus jeans e uma sandália maravilhosa que eu comprei uma vez de salto 15 que é azul clara, azul escura e amarela, com efeito de pele de cobra. Para usar com os jeans, claro.