Uma, duas, três… São elas as três leis da física que regem o universo e o movimento dos corpos. Mas não estamos falando de leis da física que regem o universo palpável, que pode ser visto. Essas mesmas leis da física se impõem na natureza humana, na dinâmica dos corpos, tal qual a força do sol inexoravelmente faz com que os planetas girem ao seu redor.
Tão inexplicável quanto é a forma que Newton, sem saber criou leis que explicam essa movimentação, essa transição, e essas mudanças que ocorrem em nossas vidas.
Uma pessoa que está inerte em seu lugar, permanecerá dessa forma até que uma força o empurre. Tal força fará com que ela se movimente em alguma direção de forma constante. No mundo real, o atrito faz com que haja a desaceleração, inexistente no campo de sentimentos e relacionamentos regidos pelo coração. Lá, as emoções vêm de forma inesperada, forte, consistente, e torna-se a força motriz que propulsiona, mesmo que inconscientemente o movimento do outro, até que ele encontre uma resistência.
Isso nos leva à segunda lei, em que a força resultante sobre um corpo equivale ao produto da massa do corpo pela sua aceleração. Nesse caso, é possível não somente entender, como inferir a proporcionalidade do movimento daquele objeto, ora inerte. Em relações sem sentido, sem vontade ou sem ação, a pessoa permanecerá na mesma, deixando de se mover. Entretanto, o seu movimento será tão forte quanto ao impulso inicial. Ou seja, tende a crescer, a aumentar e ganhar força e aceleração, ainda lembrando a ausência total de atrito.
Finalmente, essa ação nos leva à terceira e última lei, a de ação e reação. Nela, cada ação leva a uma reação inversamente proporcional na mesma intensidade, e é aí que, por fim, Newton se equivoca. Porque nessa física aplicada na dinâmica dos corpos, naquilo que tange o coração, a reação pode ter uma ação que age em conjunto, aumentando a massa e, consequentemente, a aceleração dos corpos.
Por muito tempo, permaneci inerte. Estava ali, em repouso, sem direção definida, até que surgiu essa força—inesperada, intensa, quase invisível, mas real—que rompeu o estado de estagnação. Um encontro que deu início ao movimento, que despertou algo adormecido, e agora me vejo em deslocamento, em aceleração, impulsionada por algo que talvez nem compreenda por completo, mas que sinto profundamente. Uma força que não apenas me tocou, mas me transformou.
Resta saber, agora, se esse movimento encontrará eco, se haverá uma massa disposta a somar-se à minha, multiplicando o impulso, ou se tudo se resumirá à clássica reação oposta, que freia, repele e, eventualmente, interrompe o curso. Porque no universo do coração, ao contrário da física de Newton, nem toda ação recebe exatamente a mesma resposta. Às vezes, a reação vem como abraço, outras como afastamento. E é nessa incerteza que a beleza — e o risco — do sentimento se revela.